Yucca




desnuda das penas, a ave

despetala, a flor


à ave, o tempo da muda

à flor, o despetalar do semear


muito da flor se perde 

nos bicos dos insetos 

e dos pássaros


muito da ave se perde

quando o depenar, ocorre


de alguma forma

a flor sobrevoa a face da terra


perfume inalcançável,

onde o pacto da flor com a asa

transgride o coerente,

a razão


quem nunca viu uma flor selvagem

romper o asfalto

ou a ave refeita,

ainda não entendeu

...tudo é movimento,

tudo é caos


a vida é caos 

e um pouco de ordem coletiva também,

eu imagino 


***


jurei não escrever poema algum hoje,

queria tirar férias da poesia,

férias de mim...

mas,

rompi com minha jura


atravessei um campo arenoso

e vi flores em penca

com penas em seu redor


fotografei a paisagem 

para distrair 

— meu erro!

ali, já era tudo poesia...

jura perdida 


e em algum ponto

eternizei as flores,

um buquê lindo


te oferto essas flores

todas


marque com elas,

não as páginas de um livro,

o arquivo não te permite impressão

se não me vês...

mas marque teu olhar,

que sobrevoa o meu


juro que

descanso a pena,

não farei poema algum

por...

— por quanto tempo,

resiste à poesia, o poeta?


rosa a.

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