Antropo
o rio escaldado
escoa para o céu
o céu nebuloso dourado
_são as cinzas!
não se vê... não vai ao mar o rio, ainda
fim da tarde que arde:
o ar seco
a lanha na garganta que inflama
a fumaça
a água ardente dos pântanos
os bichos em povorosa
_SOCORRO!
__e o xamã dança seu canto
e chora a chuva que não chega
o raio do trovão
o sol que se apaga no poente
visto pela tribo
clareira, ferida aberta pela máquina
que devasta a troca mercado/lógica__
selva em chamas...
árvores tombadas__
__animais! cade os animais da manhã, na relva?
céu que desaba sem tormenta
sobre nós
os vivos, os vagarosos comedores de terra
os vazios de sentidos
sobre a mesma lenta, Terra
...e sempre
— que catastrófica!
— que claustrofóbico não ter para onde ir... a mente vaga!
— não há de ser, nada!
— nada há de ser...
— só mais um viaduto com nome de um fascista morto
— não foi nada
— nunca há de ser...
o peso antropo sobre Gaia
Rosa
Imagem: Kevin Berne que coloquei em dupla exposição sobre o texto da Peça, Esperando Godot de Samuel Beckett, ia sobrepor outra parte do texto em que o vazio Beckettiano nos é dado com maior ênfase, mas acho que a fala de Lucky é mais condizente com a prosa.
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