Pássaro visitante
o que queres pássaro visitante?
me romper com tuas asas?
ultrapassar as balizas náuticas?
um mergulho em mar alto?
ou apenas sobrevoar o meu deserto de sal?
ou abrir o céu com cataventos
para que o mar se mova
e me invada as salinas?
eu te digo!
já sou úmida em todas as minhas partes
e pelo tanto de maresia
- corrosiva,
e como as ostras presas nas rochas
me retezo
quando algum ácido me invade.
não há diques aqui!
contenção alguma.
recebo de peito aberto todos os afluentes que sobrevoaste
eles me invadem com toda coragem,
os vulcões de minha profundeza
só fazem que me torne tsunami,
mas eles continuam incandescentes.
o que temes pássaro?
que eu te engula?
te roube as penas, além do gozo?
te digo pássaro...
sou abundante e alimento.
todo meu sal te propicia
flutuar e olhar o céu desabrochar em estrelas
que nunca alcanças mesmo que sejas detentor
de cardeal magnetismo
o meu profundo abissal
não é azul ou verde água,
é escuro...
gemendo para que me rompas
e traga luz
aos meus mistérios.
pássaro...
saia desse mastro.
ou desbrava-me
ou segue para além das dunas.
aqui nas minhas brancas espumas
te acalento se voltares e,
te liberto, acaso queiras a altitude dos Andes.
no fim (...)
além do horizonte
- existe amor -
Rosa - céu de fevereiro
Comentários
Postar um comentário