Tudo que me vem,


 

tudo que me vem é presumivel 

que venha


a noite e sua quietude

o pai e sua velhice de alma

o filho e sua impaciência de filho 

a minha caminhada às cinco da tarde

o yoga ao chegar dela


até as cartas de tarot se repetem 

e dizem sobre novos ciclos

novo amor

com o Louco, a carta do Mundo, o Ás de Copas 

o Imperador e a Imperatriz


as palavras...

embora não venham em ordem determinada 

sempre chegam 

abrindo a janela da madrugada,

meu peito...


sem adivinhações,

sem remendos,

às vezes sem a pontuação

para que aquele que às lê

captem delas o que vai dentro de si


elas brotam fazendo alarde

e não me deixam dormir


nunca sei se estou em transe

ou de alma lavada

gosto de crer que seja de alma

suja, sendo lavada num córrego

entre as pedras 


gosto quando elas chegam

sempre estou à espera delas

e elas entram sem bater

e me fitam de soslaio

me dizendo:


— vem... larga esse livro

e vem me escrever!


e derretida de amor:

— eu vou! 


rosangela a.

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