corpos à deriva
reativos
da ponta do indicador ao outro
... parecemos pinturas valiosas
expostas em molduras,
proibidos ao toque
corre um rio
um rio largo escorre
de uma boca a outra
mas se a conversa é séria
inter/dito
cada um na sua margem de contenção
quando o silêncio é o que impera
em um olhar que nos mira fundo
escapole diante às abordagens
do que há dentro da pele,
não penetra
a verdade
não remove as linhas do remendo
que nos ata o tear da vida
e nos faz incomunicáveis
- banais para o amor
impenetraveis ao coração
o desnudar
dos aflitos que somos
nos condenam às gazes do entorno
do peito
tirar dói, manter dói
fingir nos arrebenta
que queres aqui dentro
se não te pertenço, não te faço parte?
quem é você no mundo que te tem?
quem te habita o lado de dentro?
quem sustenta teu olhar em riste...
- sem, amolecer?
és tu,
ali naquela galeria de belas artes...
aqui em mim?
nessa boca que não alcanço
o fluir que leva adentro...
que muro é esse entre nós e o outro?
que é tão vapor
que quase sentimos o cheiro da pele?
acho que se fôssemos uma tela exposta
estaríamos tão frescos
que escorreríamos além da moldura,
da parede até o chão
e evaporaríamos para além do teto
estais à deriva dos desejos?
estou?
rosa
Comentários
Postar um comentário