foi deus que me criou
deus desliza as pontas
dos dedos
sobre minha derme
nu
me unha a marcar meus vincos
espírito
vagueia meus poros, me dedilha
e supsira
se perde em meus contornos
se emaranha nos meus cabelos
caído
se enebria nos meus cheiros.
e se não é de carne... deus!
tornou-se homem
quando me criou
barro, água
lama
manguezal
colo
sopro de vida
seio mãe
deus até feriu o macho na costela
ao que fêmea, me criou
pasmou-se tanto ante a obra
que perdeu a voz
emudeceu
agora me molda
a golpes de vara
da boca ao períneo
me manipula em tornos
musa
deusa
fonte d'água
manancial
Rosa Ataíde
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