Quarto de Hotel
foi naquela boca fechada da última noite, a mal dormida, a sem poesia e sem sonhos
que soube enfim...
o não mais a barba a roçar nas maçãs daquele rosto e que nuas, as mãos não pousariam mais em seus seios, ou que ambas as mãos (reforço), nuas, não segurariam mais a rebeldia dos cabelos.
não é um lamento, tristeza alguma, o que seria de ocorrer, dado os fatos impeditivos de novas ocorrências, os que ouvi ainda com as roupas pesando nos cabides.
e soube que ocorreria de quererem novamente as bocas compactadas uma à outra e que isso seria um martírio para uma das partes. de certo a parte mais despreparada para a vida.
não é triste querer! querer, desejar é uma ânsia feliz e todos querem algo, isso os mantém vivos.
mas aquele querer era um querer que não pede, não espera, mas que 'chama
...o mantém o brilho do não cessar das idas e vindas para mim. mesmo entendido que não faz sentido, ser feliz do jeito que entendem as partes (envolventes), no caso, aqui prescrito.
saber desse "não mais, talvez", não desfaz o estado de alegria, e da poesia que me matenve como que num abraço, esse caso específico. a alegria se perpetua, se alastra na parte de dentro, no vazio do peito daqueles pobres mortais que pareciam meio anjos, meio animais. ele urrava, ela gemia. e confesso que de alguma forma quando vem a alegria, ela se impregina em minhas paredes cobertas por inúmeras camadas de tinta e ecoa ao corredor, fazendo ranger toda esta torre.
é que aprendi no abrir das janelas, quando o vento soprou aos meus ouvidos: a alegria muda ao estado oposto a experienciar o movimento em que a vida flui riacho, estanque, chuvisco, neblina, e do nada ela vai ao pó e do pó alguma lágrima em queda deixa os olhos antes vibrantes e claros, avermelhados, um lamaceiro, e após, com água lava-se a face incrédula, diante à arrogância que a vida exige.
o que presenciei? houve um quase amor, sim, complexo, digo de algo que poderia ocorrer, era como se emanace na atmosfera, uma potência, mas de fato, houve uma alegria manifesta, em risos e suas almas dançavam em frêmitos poéticos, e aquilo era tão lindo, que não havia como não passar de uma quimera.
pois que aconteceu. então me pertence a visão do que vi e ouvi, e,
pertence a quem cabe pertencer, aqueles que vivenciaram, em tal potência de amor, essa alegria, esse quase amor.
é impossível saber o que sentiram aqueles vivenciaram, não pergunto pois sei que isso não me cabe. e diria se o quisesse, os que sabem. eles costumam sussurrar, gemer, confessar e os ouço, sem que tenha compromisso de responder-lhes nada. do mais, do que houve, não digo.
os que sabem são de dizer, e se não se dizem, dizem em silêncio, para não ferir... mas fere. é que sei ler silêncios. então, resumo o que sei e já disse, aconteceu um quase amor, um não dito e não vivenciado para que tomasse corpo. um pacto de alegria. eu sei, eu vi nos olhos envolvidos, mansos quando eles brilhavam no escuro, um para o outro.
eu só não entendo como todas as alegrias não se tornam amor, pois era de um amor tão genuíno, o que vi. ou são? eu não sei de nada que ocorre para além de minhas dependências e fico curioso, pois que amo o que me alegra, mesmo que me traga alguma angústia, dor, ausência.
digo, pois sou de dizer. todos aqueles que adentram em minhas paredes, percebem meus gritos. mas sou também de manter guardado o que deve se guardar. ainda que se especule, nada se sabe que de fato eu tenha dito. isso seria indelicado e, obviamente impossível.
mas dessas alegrias, suspeito eu, que aqueles que as promoveram sabem bem, ao que me refiro.
muito já ouvi e vi. nada me apavora. a não ser... o som das malas de almas como aquelas, quando partem e a porta se cerra em um silêncio horrível. portanto, não os condeno, acaso não tenha ocorrido nada mais do que presenciei, mesmo que isso seja um pecado, pois o ocorrido, me deu algo grande, me tornou poesia. e eu queria saber do mais que fora dito.
a culpa, o condenável, é o silêncio que fica.
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