viver como quem vive numa cela

 



pé na cara
chute na latrina
viver por um fio o desafeto
amar ao extremo, amor eterno

mirar o espelho o reflexo outro
miragem do oposto
minha própria carne

nos falta espaço... entendo

e sei da raiva
como sei dos cuidados
todo zelo de uma vida
posto à mesa o bem querer
dado ao seio materno
noites em claro
a contração
2cm de dilatação por duas semenas

somos desafiados pelo amor
cegos pelo ódio

ingrato!

olho teus pés
os cadarços ainda estão frouxos
na próxima
faça teu prato
sirva-se do banquete
da minha carne
tu que vieste de minhas entranhas
cospe na minha face
e a lágrima me escorre
toda vez que me manda um

"Foda-se!"

mamãe

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os Despossuídos de Corpos

interno e final

O CONTO DE UM ESPETÁCULO SEM GRAÇA - Roteiro