Angela
fui vestida de penas
por um poema
que falava de amor
e eu havia acabado de me despir
de um insano
estava totalmente nua... sem gênero
havia caído do céu
como os anjos
para a vida
depois vieram outros tantos
e fui os guardando
por sobre a pele
cada pena vertida, era de amor
e atava minhas feridas
como lágrimas de um poeta
à musa que o inspira
coberta de penas, fui ousada
não me vi anjo caído sem o Éden
queria ser eu, a deusa!
e assim o amor voltou ao meu peito
platônico, narciso, egocêntrico
o defendia a ferro, fogo, lava
o acarinhava nas ondas
e sobre a brisa na areia da praia
fui a musa por dias
e olhei nos olhos do poema
constatei, era amor o que via
e reluzia entre as faíscas e lágrimas
ainda assim, diaba
neguei o amor por duas vezes
necessitava vê-lo imaculado
sem a crueldade de meus olhos de medo
o galo canta lá fora
estou no fim do mundo
...tenho as asas abertas
mas o céu fechou o véu
sobre meu meu voo
ao segurar um escudo em defesa do amor
perdi todos os poemas
uma funda me acertou a testa
no meu calvário
piedade mundo cão, piedade, piedade...
ainda tenho as penas
****
meu jeito Angela
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