esqueci de dizer da loucura dos dias
A vida é bela. Mas às vezes a gente esbarra com a loucura, e a loucura é um misto de beleza, fúria e covardia.
Como sei? Estive por seis meses dentro de um sanatório, acompanhando meu filho, menor de idade.
A primeira vez que pisei num hospício, foi no Philippe Pinel. Não vi os loucos, certamente estavam em outra ala, mas havia a Exposição Nise da Silveira, A Revolução Pelo Feto, título que me lembra A Revolução Molecular de Felix Guattari, exposição que me deixou de queixo caído e sentada nas nádegas. As obras eram belas ao extremo e caóticas, idem.
Foram inúmeros passeios nos jardins de instituições psiquiátricas já que meu filho começou o tratamento aos 3 anos de idade o encerrando aos 17...
A loucura é coisa recorrente na minha vida. E hoje pela manhã, ela deu as caras. Olhou nos meus olhos cheios de sono e afirmou que eu havia mudado de tática. Sem entender o que aquilo significava, ri sem graça, enquanto a loucura me deu as costas toda metida, cheia de si jogando os cabelos, à la, asa delta anos 80 que hoje chamamos de Pixie Cut, porém numa tentativa frustrada como se fosse as madeixas da Cláudia Ohana em Vamp, ou da Malu Mader em Top Model, sei lá... e depois voltou com um riso cínico, é que esqueci de dizer que a loucura também é debochada, e me disse que estava sabendo de tudo e que eu era a organizadora de tudo, cargo este que antes era dado a minha ex vizinha que residia ao lado da loucura, e que já se mudou e mesmo assim faz parte da organização a qual eu comando, junto com o Deputado Lindbergh Faria, pessoa que só vi uma duas vezes na vida, numa eleição do PT, e outra numa reunião da UNES no Espaço DCE da UFF.
Bom a loucura stalkeou meu perfil do Facebook e outras fontes do Google e constatou que tenho uma empresa de construção civil (devo dizer inativa), e acredita piamente que quero tomar sua casa, assim como outras ou todas de onde eu moro, por conta da grande especulação imobiliária na região.
E me ameaçou, dizendo que já estava tomando as medidas necessárias.
Furiosa mandei a loucura entrar para sua casa e procurar um sanatório, com urgência. Eu gostava da loucura, ainda gosto, não sei como ajudar... professora ativa de literatura, já ficando senil, sozinha, em surto, raramente aparece um parente e mesmo assim não sei como tratar algo tão delicado. Também tenho medo, pois como disse a loucura é covarde. Estou tão miúda. Não quero restringir meu perfil por conta da loucura de ninguém. Não sou mafiosa, bandida nem profissional do sexo, muito menos entendo de tomar teto de loucos.
O maior problema da loucura, assim como da senilidade é o abandono e se você for possuidor de algum valor financeiro, o abandono se dará na sala de casa. Isso eu vi, não duas vezes, mas inúmeras vezes.
Queria poder ajudar, mas não posso.
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