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Mostrando postagens de dezembro, 2024

Estuário

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  tem um mar imenso na esfera azul de seus olhos de sal. e eu sou um rio castanho de águas doces ...então, escorro pela esfera dos meus olhos, pois, que anseia o rio além do mergulho num oceano? tem um navio encalhado com um 'calado tão imenso que não me deixa vazar. inundo as margens, alago tudo com versos salobros, soltos. - embarcação, embarcação... se desloca! quero ancorar o meu poema Rosa

Pássaro visitante

  o que queres pássaro visitante? me romper com tuas asas? ultrapassar as balizas náuticas? um mergulho em mar alto? ou apenas sobrevoar o meu deserto de sal? ou abrir o céu com cataventos  para que o mar se mova  e me invada as salinas? eu te digo! já sou úmida em todas as minhas partes e pelo tanto de maresia - corrosiva, e como as ostras presas nas rochas me retezo  quando algum ácido me invade. não há diques aqui! contenção alguma. recebo de peito aberto todos os afluentes que sobrevoaste eles me invadem com toda coragem, os vulcões de minha profundeza só fazem que me torne tsunami, mas eles continuam incandescentes. o que temes pássaro? que eu te engula? te roube as penas, além do gozo? te digo pássaro... sou abundante e alimento. todo meu sal te propicia flutuar e olhar o céu desabrochar em estrelas que nunca alcanças mesmo que sejas detentor  de cardeal magnetismo o meu profundo abissal  não é azul ou verde água, é escuro... gemendo para que me rompa...

...que pássaro?

  pássaro solitário, por um fio  avista um galho no bico a flor prepara o ninho ensaia a dança ...que pássaro é? dever, amor? devir, amar?

Tudo que me vem,

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  tudo que me vem é presumivel  que venha a noite e sua quietude o pai e sua velhice de alma o filho e sua impaciência de filho  a minha caminhada às cinco da tarde o yoga ao chegar dela até as cartas de tarot se repetem  e dizem sobre novos ciclos novo amor com o Louco, a carta do Mundo, o Ás de Copas  o Imperador e a Imperatriz as palavras... embora não venham em ordem determinada  sempre chegam  abrindo a janela da madrugada, meu peito... sem adivinhações, sem remendos, às vezes sem a pontuação para que aquele que às lê captem delas o que vai dentro de si elas brotam fazendo alarde e não me deixam dormir nunca sei se estou em transe ou de alma lavada gosto de crer que seja de alma suja, sendo lavada num córrego entre as pedras  gosto quando elas chegam sempre estou à espera delas e elas entram sem bater e me fitam de soslaio me dizendo: — vem... larga esse livro e vem me escrever! e derretida de amor: — eu vou!  rosangela a.