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Mostrando postagens de janeiro, 2025

corpos à deriva

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reativos da ponta do indicador ao outro ... parecemos pinturas valiosas  expostas em molduras, proibidos ao toque corre um rio  um rio largo escorre de uma boca a outra mas se a conversa é séria  inter/dito cada um na sua margem de contenção  quando o silêncio é o que impera em um olhar que nos mira fundo escapole diante às abordagens do que há dentro da pele, não penetra a verdade  não remove as linhas do remendo que nos ata o tear da vida e nos faz incomunicáveis  - banais para o amor  impenetraveis ao coração  o desnudar dos aflitos que somos  nos condenam às gazes do entorno  do peito  tirar dói, manter dói fingir nos arrebenta que queres aqui dentro se não te pertenço, não te faço parte? quem é você no mundo que te tem? quem te habita o lado de dentro? quem sustenta teu olhar em riste... - sem, amolecer?  és tu, ali naquela galeria de belas artes... aqui em mim? nessa boca que não alcanço  o fluir que leva adentro... ...

o fim

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a vida arde o mundo queima as chamas movidas pelo vento  lambem a terra e tudo se abrasa  enquanto deságua o céu em pedaços  por sobre os homens  que de boa fé  especulam  ser o fim do mundo o próprio fim... a vida é, rosa  

narcisos da era Z

a resposta está em nuvens  narcisos da era Z submerso o homem, Rio ...sabe! pois há muito deixou de ter o reflexo  alí nas águas  e o narciso se encontra no vapor  embaçado das vidraças notou no peitoril da janela  trancada pelo medo entre uma gotícula e outra  apagando sua imagem uma flor intocável a brotar  feito um rio que se esconde nas metrópoles  abaixo os viadutos abaixo as retas e linhas e círculos fechados das cidades desfiguradadas e que  ainda assim se dizem _paisagem! rochas trituradas erguidas  sobre rochas vitrificadas esguias o concreto e o abstrato  o homem  estático, a flor ao vendaval tal homem segura os escombros de uma Torre imponente que o impede  de tocar a flor do outro lado em máxima potência  em máxima capacidade de se dar enquanto se crê, livre no tic-tac das horas fugidias  sem tempo o homem, Rio submerso o homem como o rio  soterrado pela Torre  deixou as flores todas sem a r...

todos os sonetos são ridículos

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tenho estes olhos  fixos no espelho nele ja me negara hoje me vejo tenho meus olhos fixos nos teus nele ja me vira hoje vazios mira, que belo seduzir mira, que cruel o desejo descartado hoje ao meu ver de cara me percebi no espelho em que te mirava sei bem quem és... sei que tu não me sabes Rosa

o luto é um surto

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  o luto é um surto. é catar fios de cabelos pela casa, é adormecer vendo aquele rosto, para não esquecer os poros da pele e sentir culpa quando se esquece  uma pequena pinta. o luto é um choro sem lágrima alguma umedecendo o rosto.  cozinhar lembrando aquele tombo, a mão ferida... o beijo para sarar rapidinho. é como catar memórias no ar, enquanto se tenta captar o cheiro na lembrança, um cataclisma de emoções, enquanto se planeja fugir ao cemitério para roubar a cova, e achar que foi tudo um ledo engano. o luto é mais que sentir falta, saudade! é esquadrinhar o passado e estar farto de tudo que não foi vivido. o luto é um surto quando você ouve a voz  chamando mãe... e é só tua mente te enganando. rosangela a. Foto: Seb Nagel

quase tristes

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Wuthering

  não sei se é o vento lá fora  que a janela inútil veta ou se estou assombrada mas ouço um uivo distante que busca alcançar um tom de disfarce trêmula ensaia um certo descaso talvez o oculto que num quarto escuro  vejo pelas vidraças e telas, e leio e, me lê  embargo a voz quase sempre e releio incansável... a voz quer alcançar o tom mais próximo que decorei e não esqueço  para que eu a ouça não sei se o riso ou o medo algo desarma a face úmida  que me vem na memória  e entrega a necessidade de querer o olhar o sentir da pele gotejar por sobre meu corpo  mas há a calma... atraso, e espera por trás de uma cortina cerrada que intercepta o grito da fera e a sonoridade me chega em baixo timbre  há um atraso no destino o deixar para mais tarde, ou nunca mais e acaso, devo dizer... o amor pede o instante e a entrega que não possuímos  se acaso amor não deveria ser para depois ou outra vida               ...

não escondo nada

sou toda dada não vê? és distraído? há muito cansei de brincar de perfeição  há muito cansei do disfarce da elegância podre  pois ela me fazia vomitar antes de digerir o Petit Gâteau  e observei nas cabines privativas dos banheiros dos restaurantes mais chiques  sihhh... outras vomitavam ao meu lado e lavávamos juntas a face da vergonha nos olhando no espelho trocando  o batom nude pale  e o blush sem brilho Givenchy às vezes me distraio também  por exemplo... só agora vi em você  uma amargura estridente  e irritante mas é  lógico que entendo! embora tenha entrado apenas uma vez  num banheiro masculino por engano  e escutado uma festa em risos  pelo meu transtorno confesso que ri junto e me deu uma vontade de voltar pois não consegui captar qual escatologia  eles trocavam diante o espelho  ...então não julgo nada também, pois sou falha  ou não percebeste? Rosa

nalgum canto

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                      "Eu sou teu cântaro (e se me romper?)"                             "A tua água (e se me corromper?)"                                                        Rainer Maria Rilke meu amor, será que uma única vez você consegue? abrir a glote  ao se utilizar das consoantes surdas, e as aspiradas  e fechá-la com tuas vogais? solte-se dessa vaidade, deixa ela alí, naquele canto. vá... não deixe que o céu desabe logo agora em que estou... ora, em prece, e te falo! relaxe as extremidades do corpo, veja como fazem teus querubins com seus cabelos esvoaçantes e teus anjos  quando racham os mármores da condenação, e despencam de teus altares sem coordenação motora alguma, e se ralam eles sacolejam as asa...

Olhos Duros

  querer ser amor tal como o amor o é... remendo das horas gastas, remédio de dores diversas, estímulo! ter teus olhos sobre mim, alívio... mas teus olhos são brutos e, duros, como todo homem é. não entendem minha necessidade  fêmea, de querer a brutalidade das coisas ditas, amor... a completude das coisas ditas, vida! e aconteceu querer tê-los sobre mim numa noite, lentamente... durante um jantar, ver os teus moles ...ao me sorrir rosa a. Imagem: @filmnoir