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Cardinal

  se abro meu peito aos lobos não é por desespero, despreparo, destempero. ok, talvez um pouquinho. em certa medida é necessário ser falha, como o fio da navalha que risca a derme e a faz sangrar. nem tudo é perfeito, se é que existe essa tal perfeição, e tudo bem. na mesma avaria que me mostro me reparo, me remendo, pois assim é que me vejo. sendo eu apenas, e eu sou isto aqui. tem um mar imenso pelo qual devo seguir, cortar ondas, desbravar. tem um rio salobro que devo atravessar e não nego as lágrimas pelo esforço. tem uma montanha íngreme para conquistar e não temo as rochas ou o esforço ao redor disso. eu temo a distração, é ela que pode me fazer despencar se não me vejo com os olhos profundos de quem quer encarar o destino e não me refiro ao topo, ou ao encontro de um iceberg... que seja apenas ilha, ou simplesmente a margem....mas não quero a margem, eu quero consumir o todo, o excesso de mim mesma. eu quero o dentro e nada fora irá me aliviar. e se me distraio por um segund...

toda do avesso

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  Esses dias sonhei que estava entre o Mar Mediterrâneo e o Saara argelino, depois durante a semana que passou sonhei que estava em outro deserto que não sabia identificar, mas parecia os Lençóis Maranhenses, mas não era, era um enorme deserto cheio de oases. Essa noite sonhei que estava no Havaí com a Dixie, e que comíamos cajás para podermos entrar no mar com a bênçãos de toda espiritualidade que aquelas águas continham. Os cajás, eram extremamente doces e acredito que não tenha cajá no Havaí. Mas enfim, quando entrei no mar, no sonho tá gente, não usei nada antes de dormir, juro... então aquelas águas pareciam um ser vivo, vivo, muito vivo! E me sentia totalmente revigorada, às vezes dava medo e a Dixie dizia para me acalmar. Havia um coral onde a vida pulsava tão intensa, e eu pensava... caramba os seres marinhos tbm buscam moradias e eles se abrigam, as aves se abrigam, todos os seres buscam acolhimento, alimento, abrigo e afeto, então que eu era totalmente afetada por aqu...

Monika e o Desejo - crônica com spoilers sobre erros -

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"A vida, meu amor é uma grande sedução, onde tudo que existe se seduz." Clarice Lispector Um filme desafiador, é o que se pode dizer sobre Monika e o Desejo ao pensarmos que se trata de um filme de 1953, mas que é além do que chamamos atual. Bergman traz cenas de provocar dilaceramentos no espectador, assim como o som do mar arrebatador em alguns cortes, suas gaivotas, como a transgressão da juventude de um casal. A corruptividade da vida junto, nem sei se existe essa palavra... corruptividade de viver! Corrupta comigo aqui nessas linhas? Monika, interpretada Harriet Andersson, curiosamente nos é apresentada logo após o personagem central do longa... pode ser viagem minha, lembrando que não sou crítica de cinema, cineasta, ou coisa igual, sou apenas uma Camusiana apaixonada por Bergman, então arrisco dizer que o narrador do filme, e em Bergman há sempre um narrador oculto ou não, então que ele nos apresenta Monika por um Espelho. Grava bem esse espelho, ele em várias formas a...

sobre cegos

a alma  muda se toca com movimentos gesticulares não sei libras por isso danço poema e grito aos surdos como um bumbo a alma cega se toca com o tato por isso meus dedos te catam no vento em versos não sei braile, mas gosto da coisa tátil e estou às cegas como se toca a alma sonora, aquela que vê mas que se faz inexpressiva? só sei a necessidade do ar da saliva quente úmida saliva a deslizar a tua língua torno-me deficiente pois salivo teu corpo todo és alma sonora que vê e é inexpressiva e se tocada como se deve com o perto se perde e com o dentro solta a voz e ecoa no ar teu timbre e ainda com toda com a umidade do corpo suas falhas suas frestas inconclusas sem calhas a colher teus pingos minha pele, minha pele cercada de estímulos se dá a tua e diz de gestos e toca sonora, muda, ou cega sei que grita e se desprende a miopia e olha fundo nos olhos e fico presa no encantado eis o canto... e cantarolo a parte sombra onde ela não se omite e a gente vê o que tem dentro por já estar no...

fervura

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  aturdida com o absurdo ela engoliu as palavras está fervendo por dentro maturando algo ... no geral, ela nunca mede o que diz, mas diante a pureza ela recua num insólito ato de sensatez rosa

tempo

estar sempre a caminho de algum ponto frente à face e deixar tudo para trás pois tudo se esgarça como um tecido aquilo que tece em ausência a saudade chamam passado e ele deixa marcas ou talvez não tenha tempo para tanto e recalque gosto do veludo, que mesmo gasto, dura uma vida inteira ele me lembra algo como pele, toques existe a lentidão existe a pressa existe a espera ansiosa do que se anseia o que foi, ja não existe? como, se ainda se sente? o que se faz com isso de sentir? explica o ponto máximo, o ápice? e o que não sentimos no agora, mas nos define ...existe? acaso de trajetórias combinadas para mais tarde mas que se determina no improviso de nossos passos de hoje ou no cardápio de ontem é um vento a chuva o passado o futuro o sol rachando o solo o presente, dádiva... uma tempestade de areia cortando a carne ando tão perdida pintei um quadro onde o vento varre a chuva que invade a janela de tão forte, ela se deita molha minha cama lava as cortinas de meus olhos e inunda meus tr...

Angela

fui vestida de penas por um poema que falava de amor e eu havia acabado de me despir de um insano estava totalmente nua... sem gênero havia caído do céu como os anjos para a vida depois vieram outros tantos e fui os guardando por sobre a pele cada pena vertida, era de amor e atava minhas feridas como lágrimas de um poeta à musa que o inspira coberta de penas, fui ousada não me vi anjo caído sem o Éden queria ser eu, a deusa! e assim o amor voltou ao meu peito platônico, narciso, egocêntrico o defendia a ferro, fogo, lava o acarinhava nas ondas e sobre a brisa na areia da praia fui a musa por dias e olhei nos olhos do poema constatei, era amor o que via e reluzia entre as faíscas e lágrimas ainda assim, diaba neguei o amor por duas vezes necessitava vê-lo imaculado sem a crueldade de meus olhos de medo o galo canta lá fora estou no fim do mundo ...tenho as asas abertas mas o céu fechou o véu sobre meu meu voo ao segurar um escudo em defesa do amor perdi todos os poemas uma funda me acer...

Fronteira

estou acesa farol a guiar embarcações sobre um Mirante que não me permite ir além das curvas do Rio ondulações que não me trazem o cais ou o navio sentinela costeira estou na esquina da Baía, penínsular atrás dos Fortes e canhões que não sabem afundar poemas equipada, esnórquel enquanto estanque sobre rochedos mergulho raso se não te tenho, poema, peixe, jubarte há em mim saudade que me aperta o peito estou sem ar enquanto miro sem avistar o horizonte gestos e gritos sem sonoridade alguma distante ...Mar aberto Rosa  

tenho às mãos um desejo

  tenho às mãos um  desejo tão só meu que rompe minha pele o que sinto o que anseio meio água que derrama e se espalha, toma formas diversas não, não posso devolver eu que criei cada detalhe numa febril estação ou talvez já tenha se passado mais de um ciclo do sol radiante reflexo já tentei guardá-lo ao seio tive palpitações já tentei beber cada gota dele foi quando tivemos uma conversa séria e ele gozou fundo na minha goela já tentei não dar nada que sirva de alimento quando vi, ele se comia por dentro carnívoro, ele me consome inteira se afoga nas profundezas de minhas sombras lança fora minhas sobras, sem permissão me penetra as dobras me atordoando com sonhos lúcidos e me espeta com estilhaços de um espelho que se partiu ...longe da minha carne mas dentro de mim rosa a.

aqui as notas gritam

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