Cardinal
se abro meu peito aos lobos não é por desespero, despreparo, destempero. ok, talvez um pouquinho. em certa medida é necessário ser falha, como o fio da navalha que risca a derme e a faz sangrar. nem tudo é perfeito, se é que existe essa tal perfeição, e tudo bem. na mesma avaria que me mostro me reparo, me remendo, pois assim é que me vejo. sendo eu apenas, e eu sou isto aqui. tem um mar imenso pelo qual devo seguir, cortar ondas, desbravar. tem um rio salobro que devo atravessar e não nego as lágrimas pelo esforço. tem uma montanha íngreme para conquistar e não temo as rochas ou o esforço ao redor disso. eu temo a distração, é ela que pode me fazer despencar se não me vejo com os olhos profundos de quem quer encarar o destino e não me refiro ao topo, ou ao encontro de um iceberg... que seja apenas ilha, ou simplesmente a margem....mas não quero a margem, eu quero consumir o todo, o excesso de mim mesma. eu quero o dentro e nada fora irá me aliviar. e se me distraio por um segund...