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Mostrando postagens de setembro, 2024

Lascas de mim

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estou retirando as cascas  as lascas que atam minha pele às feridas como quando descasco alhos roxos são lascas finas  difíceis de retirar as camadas desse tecido quando e onde entranhado o corpo fica curiosamente, guardo cascas de alho é um ritual do qual não me dou conta meio bruxa, meio louca, meio má  estou em busca da minh'alma percebo as do meu redor sei quando são boas, quando não  quando não há... mas a minha me escapa a essência  por isso retiro as cascas as lascas e quase as devoro feito criança que as come pretas lascas dos ralados joelhos há tecidos artificiais finos, fibrosos  cola de papel na palma da mão seca tecido, teia, traços  há quem leia mas não me leio estou retirandos as cascas as lascas de meu corpo em busca da alma que me habita e me importa saber se sou boa, se sou má  talvez me revire cebola hei de chorar talvez alcance a ancestralidade nos veios espessos de minha árvore talvez escorra por entre seixos ao me derramar sem...

A parte mais íntima

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_soul e vibro meu corpo quando acalentado soo música  e acordes entre dedos mágicos  que me toquem a quase danço! (talvez dance) ...a parte mais íntima  sou liquida feito água de matar a sede invado meu/teu espaço  ultrapasso transbordo e dizem não é bom estar a bordo mergulho, borbulho ...mas ainda assim, _soul feito Persona em que Alma pula fora e me desafia - CORPO, VEM... no mínimo  uma existência entre tantas  pequenas chamas acesas entre labaredas _soul  fumaça  vento que dissipa e quase deixo de ser quando a brisa me condensa tanto  e escorro ao ponto de não me reconhecer e aí, acho que ja não sou aquela que fui  ...às vezes, sabe? quando tempestade... quero deitar meu corpo quando vento quero dança  quando escoo é que estou a-m-a-n-d-o e olha que palavra mais louca /a/mando/ /ama/ndo/ lenta, se arrastando_ mas agora _soul e estou dentro sabotagem, você blefou  não vale _soul não sabe blefar rosa a. Imagem: Damon Loble -...

Nódoa

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                                                                              "Todos nós nascemos loucos(...)"                                                 Samuel Beckett há um limite que não cessa  e recua ao infinito  há um limite que não cessa  em seu avançar e se perpetua  vasto  um muro é um limite mas se escavado o muro ultrapassa-se o que ele quer conter quebra-se a barreira do limite  há um limite entre corpos que se tocam  se ultrapassados seus limites  o corpo reage ao ultrapasse  pode ser que doa o corpo vibre se umedeça ou enrijeça  se enjoe  sangre  de olhos fechados temos então o sentir ilimitado...

Descarte

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a palavra me tortura sou lenta e aos poucos ela me leva me entrego toda, me lanço entre elas e me perco, palavra certa                                              [me erra, me ferra sofro de palavras soltas, desenfreadas  quase doença, sina, teima adicção, soma que causa espasmos sempre pasmo em pensar o poema feito picante, experimental aquele poema performático  na praça, que arde sob o sol  o poema poro, cheio de tesão  que se sente fricção do tato escrito no lençol  às vezes faço uso dessas palavras de açúcar  mel mascavo no café carioca neobarroco no papel um dia faço um poema concreto  armado, estrutural vangardista meio marginal, meio politico  para ser gritado num recital de megafones sentimental, sensacionalista que não me diga, fatos tão reais então que torturada pela emoção das palavras prefiro sofrer de palavras ditas jog...

palpita vida

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palpita coração  sai dessa marcha lenta quase linha reta               que viver é pé                no chão  palpita em ziguezague  curvas perigosas (súbitas transformações) pé de Serra            litoral                 contramão  palpita que passarela é coisa de modelo fashionista  estamos na marginal do arremate                  palpitantes                  pó da estrada                 trilha nefasta horizonte é destino  antes dele tem paisagem  e elas não mentem /nada sinuoso mente  a mentira é um traço___ agudo  linha reta                     palpita✓\✓\✓\✓\ rosa a.

leve ancorar

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  pousar da bruma a canoa, baixar os remos, lançar a rede sobre o espelho a isca no anzol já foi devorada, eu vi o peixe menino se arriscando para comê-la leve deslizar, estou escoando lentamente  neste ar saturado  e com uma leveza que não  me sustenta nos 'olhos duros, deixar o vôo às aves migratórias - elas retornam  amparar o corpo e esperar que se apasigue o devenir, o tremor do mundo e silenciem as bombas ...todo o caos que nos entristece agora, nos diminui ao ponto de nos sentirmos nada diante à barbárie que nos transcende estamos lavando as mãos  sobre o sofrimento alheio dos meninos que morrem, das mães que choram e murmuram suas mazelas, dos rapazes condenados às guerras, das moças que dançam  para obter o sustento da vaidade nos cabarés da tela Led, assim, na palma da mão  estão as donzelas nessa lanterna que acende  leve, o vapor do sereno esfria a água cobrindo-me com um nevoeiro que não dissipa  já não avisto as garças mour...

Tocha

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  tatua na minha pele com o vento que incendeia  teus silêncios profundos juro que não abro a boca  nem ao menos  risco a pena sobre a mesa agora entendi esses olhos que me buscam violentos e me arde a pele por onde tateiam cegos  teus dedos não sei se trilha meus devaneios ou se desbrava o caminho onde deixarás  o risco mas excitantes esses olhos brutos me emudeceram  e a umidade relativa em mim  se condensou estou toda orvalho... — ilumina mais um pouco?  rosa a.

relance

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sente minha presença e finge que não. me idealiza, tão desejo, tão carne exposta! - uma profissional? não sabe que além da sedução, sou alma sola, tola até? me renega, baixa as vistas, me olha de soslaio. - tem baixa resistência, a mim? te invado sem dó, quebro as regras, mas te temo e tremo, só de pensar ...não a covardia, embora te creio furia em momento oportuno. temo este olhar que me desnuda, tão crua e eu tão pronta, refeita  ...temo a boca que me devora, tão longe, rosa

...e só,

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se desfigura, pessoa pegue tua rota de fuga corra daqui - de dentro - me deixe uma avenida metropolitana em dia de domingo uma praia de segunda a quarta um sala vazia de cinema  antes de virar templo profano um quarto fechado em horário comercial  um quarto de motel em noite de Natal  vazia, árida? vazio? saia de mim? saia de si? da tela mental de meus devaneios que anseia em desespero o calor  de teus dedos o acorde ...e só, rosa a.

deus caminha sobre meu dorso

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deus deitou-se junto a mim  por alguns instantes e me olhou os olhos  ciente do que dissipa minha revolta deus é sábio  não quer que eu destrua a margem  que me envolve  e com o olhar olhar de deus que nada fala me disse coisas insanas e ri desarmada em três frases não faladas ele me explicou sobre suas pegadas na areia e me disse que castelos de areia desmoronam na primeira onda brava  deus escreve certo por linhas imaginarias imprecisas, pontilhadas por isso ele tatuou nas minhas costas suas pegadas seu verbo sobre eternidade  ergueu-se e foi ser deus em seu dia de deus e me deixou dormir na mansidão de uma paisagem costeira  Rosa

o verbo

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não é sobre mim não é sobre você não é nada sobre o mar embarcações âncoras ou sobre estações espaciais  sondando a Terra não é nada sobre estrelas asteriscos  asteróides cometas é sobre a existência inteira gritando  em toda sua forma desde o início era sobre poesia no princípio era o verbo que logo se fez carne ...virou verso rosa a. Fotografia: 1° dia em Marte -  Willie Schuman  fotografia jornalística

O CONTO DE UM ESPETÁCULO SEM GRAÇA - Roteiro

  “O CONTO DE UM ESPETÁCULO SEM GRAÇA” ROTEIRO  DE  ROSANGELA ATAIDE “O CONTO DE UM ESPETÁCULO SEM GRAÇA ” 1° ATO INT: CIRCO - NOITE Começa o espetáculo, malabaristas, domadores, trapezistas circulam de uma lado ao outro do picadeiro. O público alterna entre risos e espantos diante às apresentações dos artistas. Assume o picadeiro um homem grande, com vestes brancas e penduricalhos coloridos em tons quentes e ao mesmo tempo com um toque de carta de baralho de tão magro e branco... eis o  narrador, O PALHAÇO, junto a ele,  uma criança, triste, com os olhos cheios de lágrimas. PALHAÇO Respeitável Público! (...) Em uma noite assim como esta bela noite, perdido em um Circo numa cidade esquecida, uma criança por volta de seus 5 anos encara um dos maiores desafios de sua vida. Eu poderia dizer, pobre criança, mas a criança apesar de sua baixa estatura e pouca idade, devo-lhes dizer... Contraria as expectativas e se mostra grandiosa, ela grita, ou tenta algo parecido, ...

te ofereço

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  te ofereço  minhas mãos petrificadas minha caixa torácica de palpitações  meus olhos vadios frente aos teus  meu copo embriagado  eu com sede meu cálice  derramado no ventre tome aqui  meu corpo, minha nudez beba minha voz embargada me roube a língua e saliva  eu te ofereço  minha manha  minha sanha minha sina, de você  eu te ofereço  o nada que possuo eu, perdida que sou entre palavras desarticulada te peço que no desviar de teus olhos por não caber em ti  ...devolva meu centro meu lado de dentro  estou vazia não me pertenço mais rosa a.

camarim 1-2

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quem se arrisca encenar a fera, a ferida cicatriz? roubar a fala do que digo ...do que dizes? viver o drama, a chama a gana... de ir-se, e fim. suportar quando cerram as cortinas... o espelho do camarim quem se arrisca dizer de nós? *** não sou atriz... mas sou poeta mirim que engatinha em versos tontos, brancos e nulos poema algum _digo limpo a cena da face com creme a lâmina da faca, afio da degola, do crime, da poesia... desisto cada vez que recito no vazio  do espelho teus poemas mais frágeis e, viris queria... _o gosto da sua poesia de entrelinhas doces na minha língua dá para catar tuas lágrimas em cada átona quando as digo_ sim, queria elas  átonas e tônicas, entrelinhas escritas para mim mas não sei o ritmo rosa

Incorpóreo

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o afeto ganha dimensões à medida em que cresce, ganha olho, boca, esôfago, coração  ...o afeto se organiza, para desorganizar... — onde está minha cabeça? — estou com taquicardia. — tenho borboletas no estomago! — libélulas saem de minha boca... — minha pele, sinta só... é arrepio! afeto é um sem corpo. nem sempre o que nos afeta é bom, tem afeto alvo de alguma coisa, mas aqui falo do afeto que dá  forma às pulsões, aos sentimentos... você não toca o afeto, é sobre sentir que te falo, mas acontece algo sobre o sentir... pode ser que afetado pelo seu toque, que afetado ocorra o encontro, corpo/afeto. e o afeto se espalha, se espelha, cai dentro, mata a sede, se afoga, desertifica, canibaliza, é um roubo na calçada pública  mais agitada da cidade, quando do nada um lábio toca o teu, ou uma mão segura a tua e caminha junto. sente-se no centro de uma sala escura em meio ao holofote... afete por suas falas, se afete por aquele que às ouve, chame alguém  para se sentar ao ...