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Mostrando postagens de abril, 2025

no azul onde cintila o dia

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em alguma desordem no azul onde cintila o dia alguém me olha escondido me despe e teme minha nudez pressuposta pois em alguma desordem nas cores que habitam o dia eu me mostro e me rasgo - um outdoor que não se vende * minha nudez é um labirinto e minha pele um mar de afagar vendavais em alguma desordem me sinto indigna desse azul mas finjo ser um cardápio a se degustar cru em alguma desordem alguém opta pelo cinza e pelo contraste tendo todas as cores disponíveis - morre de medo de mim, com razão ... em alguma desordem nós feras não sabemos quem é o caçador perverso da aldeia quem é a caça em noites de lua cheia em alguma desordem fica suspenso o verso talvez eu, talvez você, talvez nenhum dos nós... talvez¿ rosa ataíde  

esse est percipi

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Vivendo aquele momento Beckettiano em que você insiste, implora para Lucky pensar... "Pensa, porco!" Daí você coloca o chapéu em Lucky, Lucky pensa, se manifesta, mas não nos traz as verdades incoerentes e pavorosas, mas sim uma certa amargura e rancor e você se despera... "O chapéu!" Ou ou ainda ainda a profecia de Milan Kundera em o Livro do Riso e do Esquecimento... Alguém, tira esse chapéu!? Não precisa, pensar não, é bom que você, evite isso. Peloamor.

Nu/corpo

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  esquadrinhar teu corpo em atos vaso moldado em mãos, outras no olho o gozo prenunciado, uivante como saberia meu corpo do nunca provado se só me coube após vidência? o corpo atuante teatro que se desloca no espaço/tempo clímax, intensa voz, intenso ser se envolto em outro corpo palco de desejos... interditos ao gotejar teu corpo ao meu pude ver ...prazer! doído corpo manipulado um com o outro, mágico antes dito imaginário deliciosa loucura esta, te dizer tanto tuas curvas e os movimentos teus em direções ais quais te levam onde queres - amor... afeto, c'alma? para onde foge o corpo cativo? o corpo fora do exílio, liberto dominante, corpo? fica dentro do meu enquanto mata minha sede e me cura enquanto me aperta pode gritar... que gritar e dar corpo a fera que tens dentro rosa a.

Rizoma

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  passeio descalça sobre folhas secas elas começam à despencar estão grávidas do outono e se colorem são mil cores mil tons do frio ao quente não contei às vezes exagero, às vezes não sei nesta cama castanha em que me deito com poemas de pedras, mar e catar ventos um raio solar penetra entre as folhas ainda suspensas estou superexposta na paisagem um camaleão sem camuflagem não há predadores aqui ao menos nenhum maior que eu espera... esqueci há o mar e seu azul imenso, infinito e tudo bem ele me tragar no entre de sua variação de verde ou como num início de verão em que deitei sobre suas espumas sem medo, pés totalmente nus sem nada me definir caminho repouso contornos território crepitar fruir nadar até cansar ou desistir rosa a.
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  no quarto de paredes brancas e cortinas cerradas, brancas entre edredons e body pillows, onde tudo é branco e limpos-brancos, adormecem há uma quietude assustadora que diz do branco provedor da selvageria ...lá fora fera! que corrói o mundo com Guerras e destruição do meio ambiente mas que entendo... ignorância para insistir sobrevivência. não gosto de olhar essa fera aqui dentro e muito ecológica, antropocêntrica penso em adiar o fim do mundo antes que o céu desabe quero... partir em direção às sombras fazer as malas com o básico para compor a paisagem selvagem de uma rede estendida entre troncos mas desisto da aventura xamânica na primeira nuvem de muriçoca ...que me ataca feroz numa orla metropolitana do Atlântico rosa a.

gozosos

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a chuva abafa o som da boemia o que se ouve são quase inaudíveis ruídos a lua gigante entre as estrelas está muda cheia de segredos janelas temem o frio e as frestas, espiam por nós os pecados podemos uivar e gemer sem sermos ouvidos rosa a.

um talvez... um, quem sabe? um nada dito

aquilo que  dizemos ao nos contradizer reafirma certa ternura a que nos envolve a que nos negamos viver e a memória escapa num abraço de corpos de fervor sobre uma cama rígida no mormaço de um quarto encharcado de libido que se rememora nos dias de vento e chuva e nos envolve a lembrança por insistência da impermanência do tempo que insiste o que ainda não vivemos... um talvez... um, quem sabe? um nada dito e que não se encerra pois da vida que é brisa não sabemos e não arriscamos dizer e isso nos faz possíveis redemoinhos vento que rodopia chama que dança e fagulha brasas ardentes relutantes contra a chuva de nossas peles rosa a. Imagem: Acehz  

Alter Mundo

  é necessário o descascar de nossas peles para que a seiva descarnada escorra até criar nova camada encobrindo o passado e seus sinais de alerta ressequida como as árvores que reforçam a brutalidade contra o tempo tiraremos as cascas mortas apodrecidas numa presunção de nova era poros refeitos nova casca fina lisa e limpa esfoliada se possível a pele que resiste e exige o toque mais sensível pós o ácido corrosivo de nossas loucuras enquanto nos negamos sentir e viver... amor? rosa a.

aldravia I

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Kevin Ledo onde agora Paz peregrinou traiçoeiro...                   [caos] rosangela a.

voou

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a palavra se perdeu feito pássaro na noite sem o ninho não tenho onde pousá-la neste poema ela não se encaixa ficou sem rumo... perdeu a linha______________

Graal

grandioso como um deus delicado como um deus um deus que como o Deus se faz nômade no deserto de si tão vasto em desejo como um deus tão sem fé como o tal deus se és bruto como um deus não pude ver embora meu corpo, erguido como duna escoou ao mar, quando diante de ti ††† — deus não caibo em rezas velas acesas ou promessas de asas partidas uma espada me sai da boca uma flor me espeta as mãos postas as mãos sangrando rogo ao deus sem fé, com a fé que não tenho — sagrado deus, me dê o bom encontro para que sem fronteiras meu corpo então um cálice de sangue transborde rio em pulsão ao delta, rumo ao mar de amor rosa a. Imagem: Sartorius  

invasor

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  observei meu corpo e não me senti está tudo no lugar concluo que preciso emagrecer não muito, não por vaidade observei meu corpo e não me senti ainda sou eu, sei disso pelo deserto contido nele pela pureza ridícula que há nele observei meu corpo e firmei as vistas sobre ele para não olhar o outro ponto no espelho a distração no momento em que quis me trair fixei os olhos no reflexo o estomago reclamou botei para fora meus excessos puxei a corda da descarga voltei os olhos o estomago reclamou novamente meus excessos estavam todos entalados na goela juro que tentei engolir qualquer coisa mas meu esôfago reclamou parecia papel rasgado engolido a seco observei para entender em meu corpo minha tez isso que me abriga saco carnes e ossos moídos essa gripe esse invasor que me tira a sede que me toma ao ponto de não mais me sentir ainda bem que parei para ver meu corpo foi pouco antes da síncope tirá-lo de mim e então que entre vozes distantes e um nada total consegui me reconhecer e volt...

fica decretado ao cães

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esqueçamos a visão romântica das coisas esqueçamos os julgamentos que tais visões nos traz, disto ou daquilo é hora agora do espetáculo montar guarda no backstage nervos à flor da pele carne crua sobre a mesa pensemos num duplo... num espelho e um único ser lidando com a vida e seu yin-yang late dentro dele ainda há certo controle há aínda uma entrega firma o olhar e teremos, uma certa... aceitação? enfim, entre novas descobertas e transformações teremos um ser novinho em folha um cão adestrado, amansado eu poderia escrever e escrever... sobre essa coreografia de espelho e fera meio que criar um docudrama neo modernista/contemporâneo poético? mas... a vida está me chamando estou com certa preguiça confesso mas pulsa a caixa torácica vou... ou vou olhei o espelho e estava serena estranhamente compassiva comigo mesma quase lati e abanei o rabo rosa a.  

pira

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sibila minha voz nesta nota em que trago retalhos de poemas cerzidos por uma linha, sem arremates por vezes os recito entono voz de canto em recintos de silêncios em que quero deixar meu grito tenho um tanto de repetição repito, repito, alinhavo entre o sagrado e o profano são atos por sobre uma pira ardente de incenso torrentes águas estéreis de um rio contidas numa taça de vinho o corpo, o movimento tecido do mar... das nuvens, da borda de um amor por um deus beckettiano - que nunca vem por uma sagrada mulher nua serva amante a puta pura (um anjo, só) os loucos e malandros narcotizados bêbados me entendem bem é como um arranjo de um único botão de flor que despetala sobre a toalha de crochê bouquet de palavras cruas cheias de espinho firo e sou a ferida a cicatriz da agulha no polegar o calo rijo que a lixa esconde e o beijo a lamber o sangue para que sare este poema ao ser esquecido que me perdoe...

Saio de Cena

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um vulto me abriga, acolhe meu corpo, minha alma. acontece que quero ser leve, ser brisa, ser voz... e o vulto pesa quando me acompanha. nunca que deixarei o vulto, nunca o vulto sairá de mim. apenas quando me sento ao sol de meio dia e fico imóvel, paralisada diante das coisas que se apresentam a mim. é como um espetáculo em que dirijo e uma cena se repete, até que eu consiga deixá-la perfeita, mesmo estando imóvel diante da vida, sentada sobre o vulto. quero equilibrar! peso em dois pratos coisas que quero expressar e o cenário completo que não posso mudar. você meu filho, você amor, você que me destes a vida - pilares. questiono se devo deixar as coisas soltas, e admirar os atores no improviso de seus delírios sem o roteiro que preparei para eles, como se tivesse controle sobre isso. vi uma mulher improvisar sobre um texto que escrevi, seu corpo tremia, ela tinha soluços eu sentia o coração dela e o meu vibrava junto. então eu entendi... estávamos possuídas por outras almas fêmeas. ...

a alma mais linda que se vê...

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deus criou? deus tocou? foi deus que deu ternura? basta olhar, está lá gravado nos olhos que eles não mentem - amor - e eu vi, e parei para observar, outros viram, outros ainda, tocaram e se inebriaram com o cheiro dela e o suspiro, e isso de tocar e cheirar que é essencial dignifica, presença me causa uma avidez essa alma, lá e estou tão ausente nos últimos dias, aqui você viu aquela alma? ela desfila quando quer, chega se quiser e é livre que ânsia de prendê-la de me por ao lado dela já que a alma está fora de mim e me olha do outro lado de um... murro, é digo, um soco de ir à lona e eu derrubaria aos murros se fosse um muro ...deus sabe disso! então que o muro/murro, é território e o que posso com a propriedade alheia? alma nenhuma devia ter fronteira e certamente não tem a alma mais bela do mundo, mas toda alma abriga um corpo reagente até se tornar espírito o meu por exemplo é cheio dessas fronteiras... tenho meus cheiros, meus sabores, meus medos que o impedem de caminhar algumas...