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Mostrando postagens de maio, 2024

Alice Wonderland

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eu te leio eu te decoro e mergulho em teus signos eu te decifro teus olhos tão céu em dia claro, tão sóis, na imensidão do espaço onde vejo constelações indecifráveis te sinto fluir em mim e sentir é o mais forte motor do elo desejo/colapso mas se te olho de baixo para cima e te idealizo um espelho maior do que sou percebo meu narciso... que se equilibra na ponta dos pés para alcançar a boca de uma mentira daquilo de construo como realidade estou à miracular um fluxo de rio que corre da minha boca à tua que é justamente onde tudo silencia e, se inicia... e digo rio, pois se um de nós estiver no topo de uma montanha o fluxo se rompe na nascente por entre as pedras do caminho ... o rio segue seu ritmo de rio e ficamos a contemplar o exaltado enquanto o eco se sobressai no vazio estar dentro do que limitas em tênues linhas sobre o que dizes ao me mostrar a Lua ou o Sol, ou as águas que fluem nas margens desse rio é saber que me mira também espelho e se constrói num altar ao Norte desta bú...

desfigurados pelo furor

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desfigurados pelo furor, outro nossos olhos miram os abismos de nós queremos olhar além do que o monstro nos diz o menino e a menina, ocultos dentro de nós e deste tempo que nos acolhe - humanos dentro da própria sombra __ nós algo de humano__ o novo e o velho, o homem e a mulher o que se traz de bagagem e nos torna isto que somos agora ah, quem me dera ser mais do que a sombra me diz ah, quem te dera ser mais que o vulto que te condena quem nos dera passar a margem, transbordar ir além dos limites que estabelecemos desfocar os contornos de nós quem nos dera nos fundir em essência, em carne a flor e o espinho ,mas o espinho só alcança a pétala quando morta ela cai, um véu bailando ao ar __uma espera rosa a. fotografia: Yokosima

os sentidos todos

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sentir no peito o primeiro golpe a navalha a dor cortante do ar que invade sentir no corpo inteiro o primeiro vácuo, o espaço que não se ocupa quase levitar o peso atmosférico sentir ainda o deslizar na pele o líquido da nave mãe escorrendo... logo após... o primeiro toque o eriçado na pele, a aspereza do primeiro afeto vazios buscar os sentidos todos a fome no seio alento o calor do outro o que pede as narinas o que devora a boca o que expele o corpo que caminha ainda que engatinhando esteja vibrar ao primeiro passo rir no primeiro tombo delirar a cada gozo cair novamente, levantar sempre equilibrar os pêndulos e cheios de todos os enlatados consumido após o seio se esvaziar novamente sentir o toque que nos fere a derme fraca a fome cremosa dos que não mais possuem os dentes o corpo rijo os ossos quebradiços a dificuldade de ir ao banheiro o peso atmosférico ao erguer o pé para alcançar as meias o tubo a máscara de oxigênio a não memória o nada enfim o não ser o não sei... o foi-se a ...

Cine Pensamento

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talvez, Vida você seja um filme em cartaz que nos convida a meditar numa sala escura confortável, enquanto uma nódoa passa na tela nos fazendo reféns da fotografia em movimento de uma trilha sonora que diga da gente — um ensaio para significar nosso estado — pessoa talvez, Vida eu esteja exagerando e tudo não passe de um drama cheio de tédio quebrado em seu plot point em um algo a se dizer, ou a se omitir — sou tão humana e estranha quanto aquele cara que caminha perdido para onde não sabe em Páris, Texas — sou tão pura, quanto aquele Orfeu Noir — sou tão real quanto aquela mulher que rifa o gozo para te ganhar, e se condenar a saudade — sou tão capaz quanto aquela pessoa que pega uma trilha para se salvar, dos caminhos de engano — sou tão adoecida quanto aquela mulher de Bergman que não fala e diz tudo através de sua persona, a outra que me diz e renego — reflexos tão só como uma pedra — abismo que deseja lançar-se ao mar por isso, Vida você não cobra ingresso pois não somos nós os in...

não escondo nada

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  estou aberta, não aos tolos... tá um pouco. digo aberta a vida, a caligrafia cálida, se te aquece. nem a ponta do mamilo propositalmente à mostra, estou pornográfica. mas nem sempre. sequer o poema mais ordinário, escondo. tenho o propósito de não ser perfeita. devia estar escrevendo sobre as águas arrastando o Sul, esse lamento, e eu de fato lamento. talvez responsabilizasse o Agro, a política, a politicagem, a mídia e sua exploração. mais teimo na tragédia Yanomami, que não me sai da mente e penso... eles não tiveram tamanha voz e fico sempre ao lado dos sem fala e dos que sentem fome. guardadas as proporções, de certo estou errada. como não escondo nada, digo... — estou carente de um ouvido que recolha meus silêncios e gritos, de um olhar que me desvende, ainda que seja toda minha tolice. mais também... que acolha os meus seios às mãos, me aquiete a língua para que não diga sobre o que não sei e só especulo... e só os beijos me calam. não se engane... todas as suas damas estão...

onde a poesia não tem vez

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como água num copo de matar a sede salobra cheia de sal e maresia, mas dentre o salobro algo de doce persiste invade as palafitas, flutua um veneno de causar delírio aos perdidos no deserto do alto mar indo por onde segue a força das palavras a forja que incita vida, e morte líquida poesia bruta para olhos mansos despertar — poesia mansa? para a alma lavar... açude? céu despencando sobre nós? onde as palavras viram pedras não mais estrelas ...não, aqui a poesia não lava nada banha em lama, racha a pele encharca e seca ao sol encara tempestades de areia, lanterna em mãos árida ávida voraz uma metralhadora de acertar o peito vago de voltar seta de gelo, e acertar o meu __o mundo perece de amor__ __ aí que me derramo __ e fico sem o que dizer atônita com uma coleira de ouro presa ao teto ou ao chão de meus sentimentos no nada que sou, embora espécie animal um búfalo ferido num leito distante sentindo ao longe o cheiro da manada anseio morrer no mar e no mar ser rio mais castanho que aquel...

antes que o céu desabe

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antes que o céu desabe sobre e sob nós e tudo vire mar, rio, lama, barro seremos o cântico das águas o estrondo dos montes ao se diluírem as rochas ao derreterem-se, o som do crepitar do fogo das montanhas e não consigo conceber tamanho Eco nos vales mirando espelhos d'água um cântico profundo do que fomos poesia submersa um grito na mata nativa nossos resíduos introduzidos na nova camada geológica escrita de uma Era perdida talvez lidos entre as Beachrocks de um novo arquipélago nosso peso arquitetônico_ concretos nosso egoísmo nos viadutos que estancam os fluxos das águas que para se limparem de nós, mergulham os rios nas profundezas de encontro ao magma Terrestre nossos sonhos perdidos, nossas vidas em pedras grifadas, tatuagens selvagens primitivas humanos e não humanos extintos me desculpo pelo peso catastrófico que deixo milhares de absorventes que pela minha ignorância ficarão na crosta mais tempo que eu tive de sangue correndo nas veias (...) poesia... preste atenção ... a ...

boca de mistérios

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em que estação o peito se desertifica? e desabitado será que vira nômade? trilha dunas que modificam com o vento as ondulações da paisagem infinita e sépia quando deserto, te vejo num oásis! onde beberei direto da fonte com a sede de um camelo a água cava e doce da tua boca de mistérios rosangela a.

as ondas são mais mansas?

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riscar o mar com o corpo débil caracol enroscado aos joelhos, queixo entre as clavículas o corpo curvo que ainda não se encerra é onda, é tubo, concha se desbravada, é pérola se esparrama e deita na areia espuma, bruma, vapor *** imagina a flor ainda broto onde o beijo é a rega que encharca a pele fina e desabrocha veludo tátil é dada ao beijo a vulva flor que o convida à rega quando se abre recebe o beijo e se fecha carnívora, arrebatadora ...as ondas são mais mansas? o corpo mais leve? me perdi do poema ao desabrochar soltei as rédeas as crinas volteiam meu corpo nú não sei atravessar aquela curva desenfreada como sou ...me deito sobre o dorso da praia úmida ao menos a poesia voltou rosa a. Fotografia: Antón Malamanera

entre as linhas

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tênues livres cada letra solta sola, equilibrista traços traças corrompidas gastas não me limito no que penso, sinto então risco é o risco na pauta branca no ponteiro que pisca sou eu ali poluindo o nada com meus desejos e dejetos — projéteis? minha necessidade de marcar espaços, vazios, silêncios traçar algo contínuo, verdadeiro paralelo para/lelas... linha___________________ tracejo ----------------------------- faixa contínua ============= ultrapasse —————————— limites ponto . — travessões — são travessias, pontes basta os braços, a corda vertebral esticar permitir o vento tocar a face delinear as ondas de nossos cabelos riscar o infinito de nossos diálogos lá no horizonte o mais perfeito limite que se expande que a gente não se perca nas linhas deste poema *segure esse arreio ei de voltar com as curvas sinuosas rosa a. fotografia: Roberto - Parma

com a fúria de um rio bravo

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no qual só me atrevi pedir licença ao atravessá-lo para salvar a inocência do menino que ia com o rio ia o menino bravo, nos braços do rio bravo que se achava mais bravo que o rio agarrei-lhe pelos braços o menino e o rio perdi as chaves nas profundas correntes que o rio arrasta com o a fúria do mar que me atravessa salvei o menino de onde o miro das forças das ondas bravas aquele corpo era meu saiu de minhas entranhas tomava qualquer fúria para não perdê-lo e ondas me amaram e me devolveram o menino bravo nas águas mansas da Baía perdi o menino em chamas olho a Guanabara com seus canhões deteriorados apontados para as águas penso... estou amansada pela vida? ou furiosa com a morte? o mar alto e suas bandeiras vermelhas eu na faixa branca da areia entre as brancas espumas insolentes das ondas bravas com a fúria do mar que não mais tenho nem a do menino preso nos meus braços de amor não me salvo me agarro nas rochas imóveis, duras, rijas que derretem diminutas será que elas se salvam fi...

veloz, voraz

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há um fluxo de desejo em mim que como um barco que corta a praia parece vagaroso em seu desbravar sem licença ou que eu espere por ele ou que eu deseje pirataria de alto amar, digo um crime? não há evidências dele. não passa por mim se instala aqui e me leva algo sou eu aquele barco, indo... é meu corpo de maresia aquele adeus sou eu minha mente submersa em delírios que insiste em dizer amor o que deveras não é nem por essas ondas se atreve aquele barco já corroído de fato não existe aqui tão insano ou pleno em sensatez não o sei ...mas me atravessa o corpo, faz onda, pequeno cais e parte leva meus nadas é que não sei o que de mim se vai ...deixa um nada dele na doca do meu peito é que não sei explicar, o que em mim fica dele mas vai ao mais profundo de meu ser e vejo riscar o céu lampejou Rosa

se apequena, pessoa

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  suave aquele primeiro bater de asas sacudiu a mata derrubou os frutos despetalou as rosas ribeiras fez onda no rio maré alta nas margens suave as aves todas em partida na hora dourada do dia como me dissessem... — filha caminha leve na Terra seja pena, folha, pétala marola, seja brisa me arrancou um mar por entre os olhos quando vi atrás das asas a seiva escorrendo sangue entre os galhos mortos das árvores tombadas Rosa Fotografia: Lilo Clareto - Beijo

bússola quebrada

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  mirar o ponteiro mudo de uma nota virgem catar na mente uma palavra que desnude revelar uma essência rota, que não se traduz se não desbrava querer saltar do ponteiro ao mar, como se este fosse um Mirante costeiro — e o mar é logo alí tão perto que se escuta os segredos que as ondas sussuram às pedras quando às lambe frenéticas silencio o ponteiro ao que miro as estrelas e elas silenciam o entorno o vazar dos jovens na esquina com suas risadas batendo as havaianas brancas no asfalto volto ao ponteiro piscando na nota — ele me convida hoje o mar está FLAT a lagoa, um espelho a maresia impregna tudo minha pele é uma Salina escoando estive pensando na minha insanidade de querer no mar de teus olhos, o Cais mas justifico... — já não sei quem sou onde termino e onde começa o mar que sinto como quem vê estrelas silenciosas aqui debaixo ao nível do mar — me sinto tão miúda este ponteiro parece uma bússola quebrada me orientando para o nada — fecho a nota rosa