Postagens

Mostrando postagens de maio, 2025

Quarto de Hotel

  foi naquela boca fechada da última noite, a mal dormida, a sem poesia e sem sonhos que soube enfim... o não mais a barba a roçar nas maçãs daquele rosto e que nuas, as mãos não pousariam mais em seus seios, ou que ambas as mãos (reforço), nuas, não segurariam mais a rebeldia dos cabelos. não é um lamento, tristeza alguma, o que seria de ocorrer, dado os fatos impeditivos de novas ocorrências, os que ouvi ainda com as roupas pesando nos cabides. e soube que ocorreria de quererem novamente as bocas compactadas uma à outra e que isso seria um martírio para uma das partes. de certo a parte mais despreparada para a vida. não é triste querer! querer, desejar é uma ânsia feliz e todos querem algo, isso os mantém vivos. mas aquele querer era um querer que não pede, não espera, mas que 'chama ...o mantém o brilho do não cessar das idas e vindas para mim. mesmo entendido que não faz sentido, ser feliz do jeito que entendem as partes (envolventes), no caso, aqui prescrito. saber desse ...

alma vadia

Imagem
__Alma, aqui estamos... onda após onda a segurar nas mãos um castelo de areia para que não desmorone nosso amor uma luz fugidia de sol com cores de arco-íris tatua sobre o leito um coração e assim ilustra esse que dizemos nosso amor sobre a mesa uma ampulheta escoa sangue não é de tempo é sobre corpos nas manhãs __transfusão Alma, o amor não cabe em nós... não temos mais espaço palavras perfeitas ou teimosas para dizer dele __desitimos então? __nos falta... olho no olho olhar na mesma direção e estamos às cegas num descampado entrelaçados pelos pés, e não tiramos as meias... o piso é de madeira, mas corremos nas pontas dos dedos __vai! __pois que o amor é destino de afetos hospitalide e hostilidade matinais é que não é nosso, aquele amor que vai... __destino Augusta... onde não existe amor! __onde o amor afrouxa a forca dos dedos, Alma... a mordaça da goela e trepa com a insanidade clemente de amor __então existe amor na Augusta? Taxi! __Alma volta aqui...  

a palavra última, a derradeira, ou espinha de peixe na garganta

Imagem
queria as palavras todas! a palavra prova, o verbo espinha de peixe na garganta. a palavra doída, doida... sandice. a palavra última, a derradeira. queria escrever até me esvaziar mas acho triste não ter nada a dizer, o ser vazio, o ser nada, o ser amorfo. me faltam palavras e, não me atrevo a criar novas, talvez reciclasse algumas e às teria inovadas. palavras inovadoras! estou abastada de dizeres e trocaria sem dúvida alguma... vírgulas por unhas riscando a pele, respiros, pausas; hifens por sugestões do que pode ser concluído ou não, caso queira-se substituir o pensamento; reticências quando muito pode ser dito ainda ou se tenha a esperança disso; travessões para com as estrelas manter um diálogo possível, ou inventar conversas afiadas por horas à fio. pegaria o rabo de um cometa, espalharia pelo universo os poemas sem ponto final algum, apenas exclamações, vírgulas e interrogações. interrogações são eternas... lixo espacial? deus não perdoaria tamanha intensidade. por isso as palav...

Sol em Vênus

Imagem
poderia descrever as tardes desse outono imenso de 25 embora jamais conseguisse descrever todas as suas cores, os tons de lilases a sonoridade dos pássaros na lagoa a Baía resplandecente como uma flor de lótus ...e acontece de nas tardes estar vazia veja bem... não apática, apenas me des/essencializo e me permito ser um receptáculo como esses de cerâmica que passam pela forja do fogo e a gente encontra quando cava novos alicerces? ou decide mudar cursos de um Rio compenetrada, como quem comete um crime ao abrir um cofre que desconhece os códigos nas tardes miro a paisagem se desdobrando em seu espetáculo diário à parte de mim e me sinto na obrigação de apenas deixar a vida ser e me proponho em me perder da semiótica de qualquer significado pois que a tarde todo o movimento é belo assim como tu... Sol em Vênus Rosa  

Sol

Imagem
  Sol tu que se ergue feito pássaro sobre o céu a dizer tão experiente do amor ...tudo pode ser e é após o alvoroço do bater das asas sobre o lago sereno ao cair da noite em seu silêncio pode-se dizer amor caso ele se perca da Flor que desabrocha notívaga para a Lua? ah, o amor! ele que a fez germinar e tu Sol antes gritara pelos olhos de oceano para a Flor as águas vivas das palavras entre os filetes que escoam entre dentes a dizer das estepes onde se banha nas manhãs e faz eriçar os pelos das feras que sabem amar e dos horizontes onde tu repousa as penas engolido pelo mar ao acordar, Sol pouse sobre as sementes e abra as asas sobre as raízes de tal dama da noite para que ela seja mais que inebriante perfume ao sereno seja suor para que tu se banhe ao encontrá-la antes que adormeça a Flor e seja um poema de amor ao amanhecer rosa a.

pequena rosa

Imagem
  quis desbravar aos punhos o Mar não contente pequena rosa desafiou o Sol, esbravejou - Sol, onde está o amor? acaso ele, e apenas ele, não é o redentor da vida que sua exuberância insiste, existência? Eis que o Sol tirou uma chispa do olho ardente mirou fronte a pequena rosa - acaso tens alma? O Mar lambeu a pequena rosa numa onda efêmera - acaso tens fôlego? a rosa então torrou queria o vulcão de amar virou fumaça e arde numa pira do tempo a c'alma meditativa e mansa digna ao Sol/Mar respostas que só cabem ao Amor rosa a.

o corpo em gestos

Imagem
é real este corpo? há nele um relevo, substância? há nele relevância? gestos o movimenta encaixes o fazem singular dado a um outro, extrínseco propício corpo abrigo a encenar o mundo que o faz se digo do corpo coisa o digo objeto? há um corpo ali, parado; há um corpo ali, imagem; há um corpo inerte, ali tão só... _respira? há um corpo ali... coberto por um lençol; na esquina sobre um salto/15 despido; há um corpo ali, de desejo... há um corpo aqui desejável! vulnerável sobre o palco, esplêndido sob a marquise. desenrola o corpo no espaço feito onda, forma um contorno se desfaz e refaz-se, estímulos, vibrações. desmorona o meu corpo terremoto, motocorpo, tremor, terrecoisa - motocoisa? quando o teu é o foco. desa/fio as linhas do tear vou ao chão, lamento! contenções rompidas, síncope crosta terrestre que me limita. **** sonha o corpo em repouso, se acomoda o corpo no que goza, desaloja, abriga, alimenta. sacia? expande o corpo que gesta o outro ...materna, sacrifica! tal corpo, tão coi...

viver como quem vive numa cela

Imagem
  pé na cara chute na latrina viver por um fio o desafeto amar ao extremo, amor eterno mirar o espelho o reflexo outro miragem do oposto minha própria carne nos falta espaço... entendo e sei da raiva como sei dos cuidados todo zelo de uma vida posto à mesa o bem querer dado ao seio materno noites em claro a contração 2cm de dilatação por duas semenas somos desafiados pelo amor cegos pelo ódio ingrato! olho teus pés os cadarços ainda estão frouxos na próxima faça teu prato sirva-se do banquete da minha carne tu que vieste de minhas entranhas cospe na minha face e a lágrima me escorre toda vez que me manda um "Foda-se!" mamãe

a pureza tola

Imagem
riscar o desejo em murais com palavras usuais em baixa luz amareladas ou vermelhas como antigamente eram os bordéis onde nunca pisei, confesso mas que quereria por pura e inocente teimosia a pintar na aspereza do papel linho os corpos e suas tormentas de amor escrever palavras putas salafrárias, as mais ordinárias com contato imediato no privê convite mudo para bacanais com sexy dolls e uma Leica na mão mas, não sou uma dessas! ou sou? sozinha não vou! tremo só de pensar e os que aqui passaram usam de falsos pudores e vêem a vida como coisa suja, imoral enquanto frequentam tais bordéis na pureza tola, passional dos infiéis Rosa  

após cerca de quatro livros de interiores que te escrevi

encerro  aqui meu caderno de oferendas enquanto o mar recolhe todas as flores sortidas entre marés lançadas ao rio e a lua me ri um riso largo e crescente não há lamento apenas alegria e o coração sereno de ter tocado o Sol ao rasgar com barcas floridas o oceano ao me escrever na linha negra que divide Céu e Terra abro a escotilha com amor sincero ou que poderia ter sido mas me escapa como um cometa pipa de rabiola comprida linha partida um pássaro blue corta o céu pousa e me mira o que vê? em meu coração lampejos... minhas mãos marcas de cerol estilhaços de vidro me toca? meu nome gravado entre nuvens que dissipam ... respire. Rosa  

Caderno de Oferendas - oferenda nº 371

há também um eu/você... assim meio encapsulado ato um nós que não florescemos nem em desato dos nós e como eu/você desejamos amar... não sabemos o que é o amor se não, e quando não apenas desejo - seria poder? corpos que se possuem numa luta coreográfica uma dança de repetição de eu existo em ti, tão flor você existe em mim, tão mar somos quase chamas de velas num pavio que demora a findar aromáticos ao nos espalhar acrobáticos em nos distanciar ou a vela a deslizar vagarosa e lenta e aparentemente solitária vela flor do mar sempre costeira rosa a. Do meu Caderno de Oferendas

Caderno de Oferendas - oferenda nº 370

há uma flor que inebria ao ser mínima flor, um botão, talvez uma corola ainda a se desnudar deseja a flor o  toque em seu cálice um exalar natural de flor um atrair sem se impor talvez pelo desejo de ser polinizada pelas abelhas amantes o desejo de existir, perpetuar sem o saber ser desejo, pobre flor o desejar em si há ainda, um mar que maresia imenso e não se sabe maragem, maré e além desconhece o próprio horizonte anil mas deseja acariciar a linha, o contorno de si sem saber que tal desejo, pobre mar o mar, é rosa a. Do meu Caderno de Oferendas  

uma brisa que me seque

  varal lavo a roupa enxugo as lágrimas torço o nariz me viro do avesso fico suspensa ao ar pregada numa corda para que uma brisa me seque e a plenitude me ultrapasse mas meu corpo... garoa rosa a.

miúda

Imagem
  vou ficar aqui daqui não saio até que a vida volte enquanto estiver doendo quero sentir deixa... meus sonhos estão fritos meus mortos sepultos atualizei meus dados cívicos minhas sementes espalhadas minhas árvores plantadas talvez não tenha um amor mas ele habita aqui dentro quentinho me meu peito então fiz minha parte em não me permitir o gelo endurecendo os cílios a íris talvez não tenha um livro publicado isso a morte resolve mas agora não agora só quero esse silêncio que antecede o estrondo e a dor latente e que doa, doa... até desistir de mim mas eu, não desisto! rosa a. miúda, mas grande em sentir o que sente